terça-feira, 11 de agosto de 2009

VAGAS EM MEDICINA

Ninguém pode tirar o mérito de um aluno que tem boas notas e entra em medicina. A questão é que mais de 80% - e isto são resultados de estudos - que entra em medicina é filho de pais com formação superior (grande parte deles médicos) e pertence às classes A/B. É claro que, felizmente, há excepções, mas não querer encarar que existe uma nítida relação entre o nível socio-económico dos pais (e aquilo que ele proporciona) e a entrada em medicina é estupidez. Basta pensar no preço das explicações (que mais de 90% dos mesmos futuros médicos frequenta), na frequência de actividades extra curriculares, ou até no próprio lazer, para ver isso. Acredito que o declínio da formação possa ser um argumento da classe, mas a verdade é que não deixa de ser uma forma de defender privilégios - estatuto social, pleno emprego, reforma garantida, clínicas privadas, promiscuidade entre público-privado, etc. Quem sofre com isso é a saúde dos portugueses - principalmente dos pobres, aqueles cujos filhos não entram em medicina, de certeza. É vergonhoso que nenhum governo tenha tido a coragem de terminar de vez com este sistema elitista e perverso.